5 de maio de 2016

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Tentativas Falhadas: Possíveis Memórias Descritivas para Composições Tipográficas Disfuncionais

Após uma seleção de possíveis textos [- 27 -] para criar composições tipográficas de acordo com a proposta dois da unidade curricular, procedi à sua formação utilizando o Adobe Illustrator.

#1

Primeiramente, foquei-me sobretudo na músicas dos Twenty One Pilots, Stressed Out, sendo que cheguei, inclusive, a interpretá-la [- 28 -] de modo a transmitir de forma mais correta possível o cerne da mesma. Tentei ter em atenção as cores que poderia utilizar, o tipo de letra mais adequado e as possíveis fontes a que poderia recorrer. Deste modo, cheguei à seguinte conclusão:
  • Sentimentos transmitidos: insegurança, timidez, nostalgia da infância, "desvontade", pressão, anisedade, duvida, baixa auto-estima,
  • Cores a utilizar: cores neutras (desde branco e cinza a preto) e vermelho.
  • Tipos de letra/fontes: Letra serifada e/ou letra em bold/black.
A música, o videoclip e todo o álbum da banda, tem, por si só, cores que se relacionam com os sentimentos tratados na música. Falo do branco, do vermelho e do preto que ganham predominam em todos os elementos anteriormente referidos. Relembremos também que Tyler, o vocalista da banda, encarna uma personagem que utiliza estas mesmas cores na roupa que veste. 

No que diz respeito ao tipo de letra/fontes, achei que seria adequado o uso de letra serifada por ser mais vinculativa, mais agressiva quando utilizada. A serifa, inconscientemente, provoca um maior impacto, um maior "chamar de atenção" a nós próprios por ter um caráter mais assertivo, direto e violento. Deste modo, o uso de letras em bold/black vão muito ao encontro desta ideia também; sendo que as letras mais grossas provocam um maior impacto na mensagem que se pretende transmitir - neste caso a mensagem e o próprio sentimento que a ela se vincula. 

Deste modo, cheguei ao resultado seguinte:

Esta composição foi toda pensada em dar destaque unicamente à tipografia e à forma como organizaria a mesma. Assim, utilizei um fundo preto, o qual daria muito mais destaque ao que poderia escrever com branco, vermelho e cinzento. É de ressaltar que neste âmbito foram exercidos vários testes - uns em que a cor de fundo era demasiado forte e não dava destaque ao escrito e outros em que a cor dava uma sensação de vazio, de "desimportância" da mensagem.

Nas três primeiras palavras, tentei logo dar início à relação cor-sentimento-fonte. «My name is» [O meu nome é], é uma expressão que todos nós utilizamos quase desde que aprendemos a falar. Deste modo, achei por bem não dar grande destaque a esta passagem e optei por utilizar uma fonte simples, básica, que se associasse à ideia de expressão também ela recorrente, tantas vezes utilizada por nós.

A palavra «my», por sua vez, tem uma tonalidade mais acizentada, quase que não destacada pelo fundo preto que utilizei. E tal alia-se à ideia de que o sujeito não se sente bem consigo próprio, não tem auto-estima e encontra-se perdido no mundo. A palavra «name», por sua vez, está impregnada com um branco vivo, uma vez que é uma palavra que tem continuidade lógica para o que vai ser dito de seguida. Para além disso, esta palavra é cantada com outra entoação, uma entoação mais vincada. Por outro lado, se tal acontece deste modo com este termo, no caso do «is», este quase que não é percetível aos ouvidos do público. Assim, para além de possuir uma cor mais escura e uma fonte mais fina (sem serifa), dispus a palavra em espelho para realçar esta ideia. Para além disto, a utilização da ferramenta "espelho" remete-nos também para a consciencialização de si próprio enquanto pessoa - o que acontece ao longo de toda a música. Após isto, coloquei a palavra «Blurryface» tal e qual como nos é apresentada na cover do álbum onde este single se integra: com o tipo de letra Futura e com um design muito próprio, no qual uma linha horizontal perfaz todos os traços de algumas letras. A vermelho, claro está, uma vez que este é um dos elementos principais da passagem escolhida (e se tal não poderá ser feito através do uso de letra serifada ou em bold, utilizou-se a cor para dar ênfase a este ideia). Posto isto, tentei dar algum protagonismo a esta palavra.

«And» [e] foi o termo a que dei menos importância. Assim, apenas utilizei uma fonte mais fina (sem serifa) e branco para a destacar do fundo. De seguida, tratei de uma das palavras com maior importância em toda a composição: «I» [eu]. Esta teria de ser vinculativa, teria de ter impacto perante o público. Deste modo, utilizei uma fonte serifada e grossa, aumentei o seu tamanho e tentei localizá-la ao centro. A mesma técnica foi utilizada para o «you» [tu], mas lá chegaremos. 

As expressões «care what» teriam de estar intrinsecamente ligadas ao «I». Destarte, coloquei-as do lado direito dessa mesma palavra e dei-lhes alguns destaque através da cor e da sua grossura. Neste caso não achei adequado utilizar letra serifada, uma vez que a inexistência desta seria compensada pelo uso de letras carregadas. Depois, tentei encontrar um equilíbrio: como as duas palavras não caberiam de forma correta (como eu queria) entre o «I» e o término do template, utilizei uma cor branca na palavra «care» e alterei a altura do termo «what» -  o que, incrivelmente, acabou por resultar da forma que pretendia.

Quase em termos finais, e como já foi referido anteriormente, a palavra «you» teria, de igual forma às palavras «Blurryface» e «I», de ter uma carga mais vinculativa, assertiva e teria de criar impacto no público, Assim, para além da utilização de uma fonte serifada e grossa, do seu tamanho grande e da sua disposição ao centro, utilizei mais uma vez o vermelho para dar destaque à palavra. Sublinhe-se que desde o início o pretendido foi destacar a existência de um «eu» e de um «tu», o que, na minha perspetiva, faria com que o público parasse para olhar quando vislumbrasse um «you» (que, fim ao cabo, acabaria por ser a próprio público). Assim, utilizei a cor vermelha apenas nos dois sujeitos a que se refere a passagem «Blurryface» («I») e «you».

O termo «think» é apresentado em pequena escala mas bastante próximo da palavra anterior, o que dá continuidade à linha de leitura de toda a composição. A ideia de dispor este termo na vertical relaciona-se com a correlação existente entre este e o anterior. 

Após concluída esta composição, deparei-me com uma simplicidade extrema, algo desenquadrada. Não considerei que fosse um trabalho digno de apresentação como projeto final por ser demasiado básico, demasiado "primário". Após algumas tentativas de reinvenção do mesmo, acabei por desistir deste texto, pois cheguei à conclusão que com ele muito dificilmente iria criar algo como o pretendido.

#2

Destarte, prossegui para o segundo texto selecionado [- 27 -], (The Night's Watch oath). Mais uma vez no Illustrator, prossegui à criação, ao desenho de uma personagem de destaque na Patrulha da Noite, alguém que representasse toda uma irmandade a que me propunha representar. E quem melhor se não o seu Comandante? Deste modo, prossegui para um desenho minimalista da parte superior desta personagem.

A ideia era simples: utilizar alguns excertos do juramento da Patrulha da Noite e enquadrá-los de forma a criar o resto da capa da personagem. E assim o fiz. As letras, indubitavelmente, teriam de ser negras para aludirem às cores da irmandade e às roupas que esta enverga. A fonte, por outro lado, teria de ser em bold ou do estilo black letters [relembre-se que estas foram as letras criadas por Gutenberg e tinham por objetivo imitar o máximo que pudessem o aspeto manuscrito criado por um escriba]. Assim, prossegui à concretização do que me propunha e obtive dois resultados, (sendo que um ficou inacabado).

No primeiro caso, a black letter, para além de poder ser a que se enquadra melhor no tema, tornou-se um pouco difícil de trabalhar em termos de se perceber o que está escrito. Tal deve-se, sobretudo, aos traços longos e continuados de letras com hastes ou com prolongamentos de traço. Deste modo, alterei a minha perspetiva para a utilização de um tipo de letra forte, consistente e sólida. Assim, nada melhor que a Arial Black para corresponder às expetativas. O resultado final encontra-se na imagem da direita. Consistente, transparente na mensagem que transmite e no contexto em que se enquadra, esta composição (que acaba por não ser totalmente tipográfica - daí não ser a minha proposta final), demonstrou surpreender-me até a mim nos resultados. 

Demonstra sobriedade, assertividade e demonstra sobretudo não hesitação - que, no final de contas, é o cerne de todo o juramento realizado por todos os irmãos pertencentes à Patrulha da Noite.

Posto duas tentativas falhadas, já estaria na hora de encontrar um rumo certo.
 

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